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ensaios

Entre 2015 e 2016 produzi reflexões acerca da fotografia contemporânea, discutindo temas que fazem parte do campo expandido da fotografia. Esses textos são publicados mensalmente no blog da Revista OLD e estão listados abaixo:

UM SENTIDO HÍBRIDO DA FOTOGRAFIA + TEXTO

June 21, 2016

A fotografia e o texto, por serem linguagens com modos de pensar tão distintos, são, muitas vezes, difíceis de combinar. Claro que um bom texto nos faz ver imagens e uma fotografia pode nos recordar histórias, que pensamos como junção de palavras, e portanto, texto.

Por diversas vezes, a fotografia toma uma postura ilustrativa do texto, ou o texto se torna meramente descritivo, parecendo muito mais uma repetição daquilo que já foi nos apresentado na outra linguagem. Certo que cada uma tem a sua riqueza e consegue transpassar algo que na outra não seria possível, mas será que essa parceria não pode ser muito mais instigante?

QUANDO A FOTOGRAFIA FALA DELA MESMA

May 24, 2016

A fotografia como mídia, por suas características técnicas e sua relação com o real acaba sendo a porta de entrada de diversas discussões dos mais variados temas da sociedade e da arte. Porém, apesar de muitos debates teóricos sobre a fotografia e suas funções, essas discussões não tomam tanto o foco de tomarem novamente a forma de fotografia.

No texto desse mês, busco apresentar alguns trabalhos que discorrem de uma certa metalinguagem da fotografia, uma “metafotografia”, onde o tema e o espaço de discussão são ela mesma. Para isso, irei apresentar dois trabalhos que discutem a fotografia como mídia a partir de aspectos diferentes...

DARE ALLA LUCE OU UMA NOVA VIDA ÀS FOTOGRAFIAS

April 21, 2016

Muitos artistas ao se depararem com fotografias de desconhecidos sentem-se atraídos pela possibilidade de dar um novo rumo àquelas imagens esquecidas. Num primeiro momento, pensamos que essas imagens já caducam de significado porque não reconhecemos sobre quem elas falam, então resta a identificação por algo que achamos bonito ou feio, um local que conhecemos ou gostaríamos de ter conhecido, etc. A fotografia, e em especial o retrato, nos atrai principalmente por falar de alguém que nos interesse, que seja próximo ou que nos identifiquemos...

O QUE SOBREVIVE DE TANTAS IMAGENS QUE VEMOS?

March 17, 2016

O fotógrafo italiano Adriano Calabrese foi um dos selecionados do concurso Foam Talent 2015 com seu trabalho A Failed Entretainment, com o qual vem discutir a fotografia como mídia e de que maneira a internet influencia nossa maneira de ver e produzir imagens.

Em um primeiro momento, simplificadamente, Calabrese pega fotografias suas, pesquisa por elas usando o Google Reverse Image Search e coleta alguns dos resultados de imagens “semelhantes” que o sistema encontra. A partir disso, imprime imagem por imagem em uma superfície transparente, sobrepõe e digitaliza essa nova imagem.

Com essa atitude, o fotógrafo nos faz pensar nessa metalinguagem da imagem, na qual ele fala sobre suas fotografias a partir de outras que são de pessoas anônimas...

NOVOS MODOS DE VER A PAISAGEM

February 19, 2016

Nesse meu primeiro texto de 2016, gostaria de trazer para a discussão a questão da tradição que permeia a arte, e a fotografia mais especificamente, para pensarmos de que maneira os artistas contemporâneos podem olhar para essas tradições, redescobri-las e reiventá-las, trazendo uma reflexão sobre esses padrões.

Com resultados diferentes, ambos os trabalhos que irei mostrar aqui se alimentam de duas tradições muito fortes: a colagem e a representação da paisagem. As duas existem, com suas peculiaridades, em diversas áreas de atuação artística, tendo um espaço definido na fotografia...

TANGENTES DA PERFORMANCE NO AUTORRETRATO

December 10, 2015

Percebo que o autorretrato e a performance se tocam em diversos momentos. Ora no campo fotográfico, ora no campo cênico, temos fotografias que são registros de performances e temos ações performáticas que acontecem para serem fotografia.  Neste post falarei um pouco de como essas criações cênicas encontram o autorretrato.

Definir o que é performance é uma tarefa um tanto quanto árdua, mas podemos aferir algumas características que nos ajudem a delimitar algumas fronteiras desse espaço: uma performance é uma manifestação cênica, ela acontece em um tempo e local definidos,  é fruto de uma hibridização de linguagens – ela surgiu de experimentos de artistas plásticos que se apropriam da linguagem cênica para expressar algo...

JEFF WALL E AS CRIAÇÕES DA MEMÓRIA

November 18, 2015

Outro dia me deparei com uma entrevista com Jeff Wall em que ele falava sobre sua carreira e seu processo criativo. Aparentemente, nenhuma novidade, apenas eu que nunca tinha me interessado em ler sobre ele. E então, que tive uma bela surpresa em descobrir que suas imagens tem uma ligação forte e direta com a memória, em um processo talvez um pouco reverso do que quando pensamos no tema fotografia e memória.

Encurtando a história, ao vermos imagens feitas por ele, é muito evidente que aquelas cenas são montadas, tanto pela luz um tanto teatral quanto pelas poses e olhares dos personagens. Mas o que existe por trás disso é um processo não só de rememoração, como também de uma espécie de beneficiamento da realidade vista...

IMAGINÁRIO CORROMPIDO

October 08, 2015

The Image Fulgurator (2007/08), do alemão Julius von Bismarck, é tanto o nome da série quanto do aparato que da origem ao trabalho: o artista transformou uma câmera analógica em um projetor que funciona com a duração do disparo de um flash quando um outro flash de outra câmera é disparado, resultando em cenas alteradas que não são vistas a olho nu, apenas podem ser vistas na fotografia final.

Os locais e eventos escolhidos são símbolos de poder que estão sendo questionados e ressignificados por von Bismarck. Disfarçado de alguém que também fotografa, ele adiciona novos símbolos e camadas de significado as imagens, como uma cruz no palanque de Barack Obama ou uma pomba sobre um retrato de Mao Tse Tung, alterando a mensagem contida nessas imagens...

ÁLBUM DE FAMÍLIA E IDENTIDADE

September 10, 2015

No post de hoje resolvi trazer para vocês um pouco do foco da minha pesquisa em fotografia nos últimos anos: as relações entre a fotografia de família (álbuns de família) e identidade. Para isso, trago dois trabalhos muito delicados que tem o formato de livro.

O primeiro é um fotolivro da argentina Lorena Guillén Vaschetti, chamado Historia, memoria y silencios. Nele, a fotografa olha para um passado desconhecido em busca da possibilidade de reescrever o passado trágico de sua família de uma outra maneira. Isso se dá a partir de um situação um pouco curiosa: ela recebeu um telefonema de sua mãe dizendo que estava se desfazendo das fotos das fotografias da família, pois tudo aquilo já tinha acontecido e já estavam todos mortos. Lorena corre e consegue resgatar apenas uma pequena caixa que continha alguns slides soltos, pequenos grupos de slides com anotações e latinhas de filme. Dessa maneira, o livro se divide em duas partes...

REVISITANDO O PASSADO

August 13, 2015

Quando um artista se depara com arquivos uma imensidão de possibilidades de diálogo se abrem: desde a necessidade de manter algo vivo na memória até a possibilidade de dar um novo significado para aquele momento. O intuito desse texto é localizar alguns artistas e seus trabalhos que revisitam arquivos que são públicos ou fazem parte do imaginário do local a que pertencem e com isso observar quantos caminhos diferentes essas histórias podem tomar.Vesna Pavlović é uma artista de origem sérvia, residente nos Estados Unidos, que na instalação Fabrics of Socialism (2013) retrabalha um arquivo de imagens da Iugoslávia pós Segunda Guerra Mundial. A partir de imagens de propaganda, registros de viagem do presidente Josip Broz Tito e o atual estado desses arquivos ela revisita as lembranças do passado socialista desse povo que veio sofrer uma ruptura muito violenta nos anos 1990. Os registros são projetados em uma cortina, onde se movimentam com uma certa distorção, análoga a passagem do tempo e consequente fragmentação, sendo vistas sempre repartidas...

HANS AARSMAN E AS FOTOGRAFIAS QUE INTERESSAM

July 14, 2015

Em nosso cotidiano, temos fotografado compulsivamente, tanto que provavelmente não paramos para pensar por quê estamos fotografando, quer dizer, qual o papel que aquela imagem cumpre para nós. Essa reprodução da realidade cotidiana tem se tornado ainda mais fácil e fascinante a cada momento em que a câmera se enraíza em nossa rotina, por exemplo, todo e qualquer celular hoje possui uma câmera razoável e mal vamos até o banheiro sem ele. Quase 100% de nossa vida está ao alcance de uma câmera fotográfica.
Para pensar um pouco nos usos que fazemos da fotografia trago um personagem e seu discurso que são até um pouco antigo nesses tempos de velocidade da internet, mas que, justamente por isso, se torna cada vez mais atual...

CARTOGRAFIAS CONTEMPORÂNEAS

June 15, 2015

O homem sente necessidade de conhecer seu ambiente e a cartografia é uma consequência natural disso, seja para os espaços geográficos já conhecidos, seja para espaços em que sua grandeza só podemos imaginar, como o cosmo.

Fizemos mapas de nossas cidades, de locais próximos e distantes, e demarcamos fronteiras com eles. Desenhamos espaços que não podemos ver claramente ou por completo para explicar questões da existência. Criamos e destruímos mitos a partir deles...

COMO PODEMOS PENSAR POSSÍVEIS RELAÇÕES ENTRE FOTOGRAFIA E ESCULTURA?

May 19, 2015

Após a conversa com Nino Cais sobre fotografia e escultura que deu origem ao post anteriorachei que seria interessante dar uma continuidade a discussão das possíveis relações entre essas duas manifestações artísticas que talvez em um primeiro momento nos pareçam bastante distantes.

Penso nesse texto então como um prolongamento dessa investigação com a função de lançar algumas perguntas de como essas linguagens podem se relacionar...

NINO CAIS E A ESCULTURA DO TEMPO

April 14, 2015

Gosto de pensar que uma das funções do artista na contemporaneidade seja propor questões acerca do que já é status quo na arte. Pensando no que consideramos definido e assunto encerrado na fotografia clássica, trago nessa primeira edição da coluna uma reflexão e algumas questões suscitadas por Nino Cais.

Artista paulistano, ele não é propriamente um fotógrafo, mas tem a imagem fotográfica como matéria-prima para grande parte de seus trabalhos. Seu uso é versátil e simbólico e traz questões sobre o que é a fotografia hoje. Para ele, acima de tudo, a fotografia é um objeto tridimensional.

Se num primeiro olhar nos parece bastante óbvia e ingênua essa definição, suas questões transcorrem em um ambiente bem específico das artes: a escultura. Para ele, sua fotografia é escultura...

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